segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Desafie-se

Na vida, a busca pelo conforto é natural. Mas o que pode acontecer quando alcançamos essa condição? E o que a natureza pode nos ensinar sobre isso? Acompanhe o texto* a seguir...


Em seu programa de TV, o professor Luiz Marins contou que em sua fazenda, ao lado de uma porteira, existe uma primavera – uma planta que dá flores de diferentes cores, dependendo da espécie. E essa primavera se destacava na paisagem, com inúmeras flores. Mas a planta estava, até então, cercada pelo mato, largada, sem cuidado.

Todos que visitavam a fazenda reparavam na planta e diziam jamais terem visto uma primavera tão florida. Tanto falaram que o professor resolveu cuidar dela. Pediu para o pessoal da fazenda limpar em volta, retirando o mato e colocando adubo. E assim foi feito.

Passado algum tempo, porém, a primavera deixou de florescer. Aquela exuberância toda acabou, sem mais nem menos. Preocupado, o professor perguntou se alguma coisa estava errada no trato da planta.

O pessoal da fazenda argumentou que não havia nada de errado, já que agora a planta estava sozinha, sendo devidamente irrigada e adubada. Então um engenheiro agrônomo foi chamado para esclarecer o problema. E ele, explicando, nos dá uma lição de vida.

Nas aulas de Biologia, aprendemos que a flor, em uma árvore ou planta, é parte da sua reprodução. Quando uma planta é ameaçada, ela dá muita flor. É uma reação automática, para garantir a sobrevivência da espécie.

Aquela primavera, em um primeiro momento, estava cercada pelo mato. Outras espécies disputavam com ela o espaço e os nutrientes da terra. A planta, então, dava muita flor, lutando para sobreviver.

Em um segundo momento, limparam o mato, adubaram a terra e irrigaram a planta. Confortável em sua nova condição, a primavera passou a não lutar. Ela deixou de florir, uma vez que essa reação não era mais necessária.

O agrônomo lembrou ainda que, em um passado mais distante, as pessoas costumavam dar algumas machadadas no caule das árvores frutíferas (uma mangueira, por exemplo) para que elas, reagindo àquela agressão, dessem mais flores e, em seguida, mais frutos (mais mangas).

Veja que lição da natureza. Agora, a pergunta é: será que não precisamos, de vez em quando, dar algumas “machadadas” em nossos respectivos “caules”? Será que não devemos sair da nossa zona de conforto excessivo para encontrar a força necessária para lutar, inovar, crescer e vencer?

Sem desafios, a tendência natural é a acomodação. A gente para de caminhar, deixa de dar flores, de dar frutos. Ficamos mornos, perdemos o calor, a garra para crescer.

Não podemos esquecer que o ser humano precisa se manter em constante desenvolvimento. Eu tenho que me sentir, hoje, melhor do que ontem. Amanhã, melhor do que hoje. E isso só é possível estabelecendo desafios.

E esses desafios não devem ser, de forma alguma, apenas de ordem material. Devem ser, principalmente, não-materiais. Aprender algo novo, mudar um comportamento que te prejudica, melhorar aquilo que você já faz bem...

Sempre existe algum desafio que vale a pena. O importante é nunca se acomodar, deixando de florescer e dar frutos. Pense nisso: desafie-se!

Leonardo Donato

* Inspirado no resumo do programa de TV Motivação & Sucesso com o prof. Marins, exibido no dia 08/08/04.
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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Educação – Participação = Decepção

Voltando ao tema educação, vamos avaliar o resultado divulgado recentemente pela Prova ABC (Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização), que traça um perfil do primeiro período de aprendizado em nossas escolas...


Na Prova ABC, aplicada no começo deste ano, participaram 6 mil alunos de 250 escolas, apenas das capitais. São alunos do 3º ano (antiga 2ª série) do ensino fundamental de escolas públicas e privadas.

Ao todo foram 20 questões (de múltipla escolha) avaliando os conhecimentos em leitura e matemática. Uma redação, com a proposta de escrever uma carta a um amigo contando sobre as férias, também fez parte da avaliação.

Analisando os resultados, uma professora da Faculdade de Educação da UFMG afirmou que as escolas estariam “produzindo crianças escolarizadas que são analfabetas”. Isso faz sentido? Pode apostar que sim.

Na média nacional, 56,1% dos alunos tiveram desempenho satisfatório em leitura. Em redação, o número cai para 53,4%. Em matemática, a média é ainda mais baixa: só 42,8% dos alunos se saíram bem.

Isso quer dizer o seguinte: cerca de metade (sim, metade) dos alunos de 8 anos não aprende o mínimo necessário nessas competências. Não entendem, por exemplo, para que serve a pontuação em um texto; têm grandes dificuldades para calcular operações simples e não conseguem organizar suas ideias por escrito.

Além das diferenças nítidas entre o ensino público e o particular, a prova também deixou evidente a desproporção na qualidade do ensino em diferentes regiões do país. Em algumas, menos de um terço dos alunos aprendeu o mínimo.

Só para citar duas das dificuldades mais conhecidas, temos a estrutura disponível (acesso à escola, condições das salas de aula, material didático, presença de professores auxiliares) e o número de alunos por sala.

Não quero dar atenção apenas aos resultados da prova – já que ela, além de só considerar as capitais, foi de múltipla escolha, o que certamente escondeu problemas ainda mais graves. Mas quero lembrar, mais uma vez, da importância de um ponto fundamental: a participação dos pais na vida escolar dos filhos.

Já deixei claro nesse blog que o maior problema, no caso da leitura, é o fato de que os alunos não aprendem a ler por prazer, nem na escola, nem em casa. Isso, naturalmente, se reflete na capacidade de escrever – afinal, como alguém pode aprender a redigir um texto corretamente sem ter o hábito da leitura?

Na matemática a história não é diferente. Imagine agora que você é um professor dessa disciplina, diante de 25, 30 alunos ou mais, em uma mesma sala. Você tem que ensinar um cálculo qualquer. No fim da aula, você pergunta se todos entenderam. Alguns respondem que sim. Os outros ficam calados.

Agora, imagine que você é o pai ou a mãe de um dos alunos que estavam na sala. Pergunto: você sabe se o seu filho aprendeu aquele cálculo? Tem certeza disso? Você acompanha o aprendizado dele? Como?

Nesse primeiro ciclo de aprendizado (até os 8 anos de idade), pais e escola precisam se empenhar mais. É claro que isso não é fácil, já que existem restrições por todos os lados (pais trabalham o dia todo, as salas de aula estão lotadas, faltam professores). Mas não existe outra forma de reverter essa realidade.

Esse trabalho em conjunto tem que ser real. Os pais têm que comparecer nas reuniões, perguntar sobre o desempenho da criança, esclarecer dúvidas. E os professores têm que informar, não só sobre o comportamento da sala, mas sobre o que os pais podem fazer para dar continuidade ao que foi visto nas aulas.

Devemos cobrar da escola? Sim. Do governo? Sem dúvida. Mas nunca devemos esquecer da responsabilidade das famílias no processo de aprendizado das crianças. Lembrando a velha propaganda daquela famosa pomada, “não basta ser pai (ou mãe) – tem que participar”.

Leonardo Donato

Referência: jornal O Estado de São Paulo, 26 de agosto de 2011.
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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A força e o poder de perseverar


O texto* abaixo começa com uma pergunta: o que um grego que viveu há mais de dois mil e trezentos anos teria para nos ensinar hoje? Confira...


Demóstenes (384 a.C. – 322 a.C.) foi um dos principais oradores da Grécia antiga. Mas antes de se tornar famoso por seus discursos contra Filipe II, rei da Macedônia (que queria dominar e escravizar a Grécia), Demóstenes teve que superar uma grande dificuldade: ele era gago. Mal conseguia falar.

Depois de assistir um julgamento em que um orador (Calístrato) mudou um veredicto que parecia selado, Demóstenes, ainda garoto, ficou surpreso com o poder da oratória. E desejou alcançar o mesmo sucesso. Mas sua gagueira tornava o sonho quase impossível. Quase.

Para superar sua limitação, Demóstenes pegava algumas pedrinhas do fundo de um rio, colocava na boca e forçava-se a falar. Ele declamava poemas e fazia discursos na praia, de frente para o mar, tentando superar o barulho das ondas.

Treinava para que, ao falar no meio da multidão, ovacionando ou xingando, conseguisse falar mais alto que todos. Aprendeu sobre a arte da retórica estudando os discursos dos grandes oradores antigos. Ficava em casa, copiando trechos e mais trechos dos grandes clássicos gregos. Assim, ele se tornou o maior orador de Atenas.

Essa é a força da vontade. Essa é a força da perseverança.

Muitos de nós, na posição e condição de Demóstenes, desistiríamos. Esperamos que as coisas aconteçam facilmente – se o objetivo é muito difícil, consideramos que não vale a pena lutar. Mas o fato é que não é possível vencer assim.

Devemos perseverar sempre. Não desistir. Você certamente conhece pessoas que alcançaram o “sucesso” sem esforço. Mas são as exceções que confirmam a regra. Pessoas assim geralmente não dão valor algum ao que conquistaram – afinal, caiu do céu. É o esforço, o caminho percorrido, que realmente validam o sucesso.

Repare que Demóstenes não adaptou seus objetivos à sua condição. Sendo gago, ele lutou para vencer sua dificuldade para atingir a meta desejada – combater, por meio dos discursos, a ameaça do rei da Macedônia.

Nós, por outro lado, costumamos fazer o contrário: adaptamos o objetivo à nossa condição. Se a condição não é boa, o objetivo vai até aquele limite – não lutamos para superar a barreira.

A palavra perseverar significa conservar-se firme, constante. Significa continuar, persistir. O exemplo de Demóstenes nos mostra que só é possível alcançar um grande sonho fazendo um grande esforço e, principalmente, persistindo nesse esforço.

Agora pense: qual será o esforço de perseverança, de disciplina, de empenho, de dedicação que ainda falta para você superar a barreira que separa você dos seus sonhos? Não é hora de superá-la? Pense nisso.

Leonardo Donato

* Inspirado no resumo do programa de TV Motivação & Sucesso com o prof. Marins, exibido no dia 04/01/04. Informações sobre a história de Demóstenes: site Wikipédia. Definição da palavra perseverança: Dicionário Michaelis.
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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Hobby, sweet hobby

Desenhar, passear, ler um bom livro, colecionar coisas, escrever, tocar instrumentos musicais, praticar um esporte, jardinagem, brincar e cuidar dos bichos de estimação, jogar conversa fora, ser voluntário. O que essas atividades têm em comum? Vamos falar um pouco sobre isso...


Também conhecido como passatempo ou mania, o hobby é um termo inglês que denomina uma atividade de descanso praticada geralmente durante as horas de lazer*. Praticado sozinho ou coletivamente, pode se manifestar de diferentes formas: de atividades intelectuais, como escrever, ler e filosofar até atividades práticas, como esportes, culinária, pintura etc.

Um hobby pode ter vários benefícios: além de passatempo, ele amplia o conhecimento, desenvolve valores, alivia o estresse de forma natural e potencializa talentos. Não raro, um hobby pode se tornar uma profissão ou parte dela.

Alguns podem ser temporários, acompanhando uma moda: são as chamadas febres ou manias – geralmente vinculadas à música, objetos (como brinquedos), esportes e programas de TV.

Um hobby, entre outros, que atravessou a infância e que mantenho até hoje é desenhar carros. Mas não copiando os já existentes. Falo de criar meus próprios carros. Carros com a minha marca. O nome da marca? Donato Motor Company, é claro.

Por falta de prática, costumo desenhá-los apenas de perfil ou de frente. Quando comecei, não havia computador em casa, mas eu tinha as últimas páginas de qualquer caderno de escola – de longe, o lugar mais perfeito para se desenhar. Com uma moeda, eu traçava as rodas. Com uma régua, alinhava o piso do carro. O resto era pura imaginação.

E lá se vão quinze anos desde que desenhei o primeiro carro com a minha marca fictícia. E tive a oportunidade de celebrar isso recentemente. No Blog Irmão do Décio, que trata sobre design de automóveis, existe uma seção chamada Artistas de Plantão. Nela, cada um pode enviar o seu desenho, sendo você um profissional ou não. É uma ótima forma de compartilhar esse hobby que temos em comum.

O tema do desenho dessa seção costuma ser definido (um tipo específico de carro) ou livre. O tema de fevereiro foi criar uma marca fictícia e dela apresentar um carro popular de baixo custo. Assim nasceu o carro que ilustra essa postagem, o Donato Lion. Hoje, com o computador, consigo melhorar um pouco os traços feitos no papel. Ainda não tenho os programas que criam projetos em 3D, mas dá para o gasto.

No ano passado, navegando pela internet, descobri uma nova geração de “projetistas” – ou “designers”. Desenhando carros com a mesma idade que eu tinha quando comecei, eles divulgam suas ideias em blogs dedicados às suas marcas. Além do desenho, eles descrevem todos os detalhes de seus projetos, como motorização, equipamentos e até preços. Coisa de gente grande.

Alguns deles, já mais crescidos, estão estudando para se tornarem designers profissionais. Talvez algum deles projete nossos próximos carros – ou mesmo os carros dos nossos filhos, no futuro. Como eu disse, um hobby pode mesmo se tornar uma profissão.

Termino essa postagem com uma sugestão óbvia: valorize o seu hobby. Nesse mundo tão corrido, você precisa separar um tempo para você. Um tempo para fazer o que gosta. Para se divertir e desenvolver o que há de melhor em você. Se puder compartilhar com outras pessoas que tem o mesmo passatempo, melhor ainda. Pense nisso.

Ah, sim: para conferir o projeto Lion, aqui vai o link do Blog Irmão do Décio:

http://irmaododecio.blogspot.com/2011/02/artistas-de-plantao-2011-fevereiro.html

Aproveite o seu hobby! Sucesso!

Leonardo Donato

* Definição da palavra hobby: Dicionário Michaelis.
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