terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Abrir um livro: a obrigação, o prazer e o que cada um pode fazer


Esse é mais um comentário que fiz na comunidade do Orkut sobre educação, em 2007. Nele, argumentei sobre a importância da leitura. E você, o que acha? Como foi a sua formação para a leitura? Comente!


Quando o assunto é leitura, escolas e governos fazem vista grossa. Mas a verdade é que realmente não estamos formando leitores. E, ao contrário do que se possa imaginar, isso não acontece só aqui. Uma pesquisa feita na França revelou que 40% da população é formada por analfabetos funcionais – isto é, pessoas que aprenderam a ler na escola mas não leram quase nada desde então. As razões para esse número vão desde a exclusão social até o hábito de assistir TV por períodos de até cinco horas por dia.

Outra pesquisa, também na França, indica que o principal obstáculo para a leitura, segundo jovens entre 15 e 28 anos, é a grande quantidade de páginas das publicações (!). Indicou ainda que a pressão feita pelos pais estaria gerando um efeito inverso – de tanto pressionarem, aí é que eles não fazem o que foi sugerido.

No Brasil, o processo de formação de leitores, durante os primeiros anos do ensino fundamental, pode até ser considerado razoável. Algumas escolas públicas possuem bibliotecas – vejo meu irmão mais novo trazendo livros, escolhidos por ele para ler em casa, com certa frequência. Sei que, daqui a alguns anos, ele terá que ler livros a pedido dos professores.

O problema mesmo vem depois disso. É quando chega a hora em que deveríamos pegar o livro na estante POR VONTADE DE LER e não por imposição de alguém. Essa formação, que nos leva a descobrir o que gostamos de fato quando se trata de leitura, é o que está em falta.

A leitura por prazer, portanto, acaba não acontecendo porque simplesmente não foi aprendida. Como não existe um acompanhamento, crescemos com a ideia de que ler é algo chato. E criamos centenas de desculpas para não abrir um livro. Hoje, com a internet, nem mesmo as leituras exigidas por escolas e universidades são levadas a sério – basta procurar pelo resumo e pronto.

As consequências? Bem, peça para um jovem universitário escrever uma dissertação sobre qualquer tema. Além da cara feia que ele vai fazer ao receber o pedido, você vai encontrar um texto pobre, cheio de erros grosseiros de gramática e concordância – um aglomerado de ideias, sem pé nem cabeça.

Nas escolas, isso vai passando em branco. Escrever bem – e esse é outro problema grave – depende de prática e, sobretudo, muita leitura. É ela que vai ajudar o jovem a criar o seu próprio entendimento sobre o mundo. Pode-se afirmar, dessa forma, que muitos dos problemas enfrentados hoje no Brasil (drogas, violência, desemprego, falta de atitude, falta de consciência sobre as consequências dos atos, etc.) são frutos dessa mesma falta de entendimento sobre o mundo e sobre o papel de cada um dentro dele. Falta de leitura...

Soluções?

Pais: conversem com seus filhos. Procurem saber do que eles gostam. Existem livros sobre qualquer assunto – de música hard core até jogos de vídeo game. Compre, sempre que possível, um livro de presente. "Livro custa caro"? Vá até a biblioteca mais próxima. Aproveite e pegue alguns livros também. Dê exemplo.

Professores: façam o possível (e por que não o impossível?) para ensinar aos jovens o prazer da leitura. Crie gincanas, onde cada um possa escolher o livro que quiser (com um limite mínimo de páginas). Depois, reunindo a sala, conversem sobre o que foi lido. Peça para que escrevam sobre o que aprenderam. E sempre – sempre mesmo – procurem manter os pais atentos sobre esse tema. Lembrar que não se trata de impor. Trata-se de ensinar – de preferência, dando exemplo.

Pensar requer saber. Saber requer ler. Ler requer conhecer a si mesmo.
Todos nós estamos em formação. Estamos conhecendo o mundo e a nós mesmos, num processo que dura a vida toda. Nada melhor do que a leitura para guiar nossos passos...

Leonardo Donato
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