domingo, 14 de fevereiro de 2010

A educação e o "plano do choro"


Para a estreia desse blog, vou postar um comentário que fiz em uma comunidade do Orkut sobre educação, em 2007. Nele, rebati as críticas feitas por uma professora, cansada da falta de interesse dos alunos. Em vermelho, estão as afirmações feitas por ela. Como você pode imaginar, para melhorar a educação, não existe milagre.


- “os alunos não se comprometem com as tarefas de casa”
- “mais e mais, temos alunos dispersivos, cansados, sonolentos e desmotivados”

O grande desafio de todos os profissionais da educação é conseguir transmitir o conhecimento nessa nova Era da informação, ou seja, em tempos de internet, TV, vídeo game, etc.

É importante entender que hoje, mais do que em qualquer outro momento da história, o aluno busca aquilo que tem relação direta com o seu dia-a-dia. Isso acontece porque a quantidade de informações disponíveis é tão grande que não há como assimilar tudo. E os jovens acabam sempre buscando o que está na moda, o que é mais popular - convenhamos, sempre foi assim, não é?

Além disso, vale lembrar que vivemos em uma sociedade imediatista, que quer seus desejos atendidos agora, já - sem esforço, sem espera. Hoje, o que mais se vê na televisão são pessoas que mudam de vida do dia para a noite, virando milionários sem sacrifício nenhum. Que exemplo é esse que estamos tendo?

A soma desse excesso de informações com a pressão por sucesso imediato (pressão essa que muitas vezes vem dos próprios pais, que colocam o filho para fazer cinco cursos durante a semana) acaba gerando uma confusão sem tamanho.

É fundamental manter o foco no que é essencial. Os pais devem ficar atentos - não basta deixar o filho na escola ou no curso de idiomas e virar as costas. Tem que acompanhar o desenvolvimento, verificar o nível de interesse. Se o jovem vai para os cursos “porque tem que ir”, vai estar perdendo tempo. Ele precisa saber claramente qual o motivo de estar lá - valorizar o investimento que os pais fazem nele - e ser cobrado da maneira correta.

Não se aprende inglês de uma hora para outra. Também não se alcança sucesso profissional e uma vida confortável dessa forma.

Tudo isso é óbvio, mas a gente se esquece. Vale a pena relembrar...

- “a grande maioria dos alunos não sabem redigir um texto simples; não conseguem escrever em outro idioma simplesmente porque não sabem elaborar uma história com princípio, meio e fim em sua própria língua”

Como já citei em meu comentário do dia 16 de julho, os jovens estão saindo das escolas semi-analfabetos.

O fato é que não se dá a devida atenção à escrita. Eu mesmo, no último ano do ensino médio, se tive cinco redações durante o ano, foi muito. E sabe quando tive uma redação minha corrigida na minha frente, mostrando meus erros e onde deveria melhorar? No primeiro ano de faculdade...

Vou repetir mais uma vez: não tem milagre. Se não se praticar o que é essencial, todo o conhecimento se perde. No aprendizado de línguas, é assim: se você não praticar, perde tudo. De que adianta aprender gramática, se não está sendo aplicada?

Uma redação por mês. Corrigida cara-a-cara com o aluno, indicando onde precisa melhorar. Não pode ser tão difícil assim...

- “leitura é um grande problema; a maioria não tem o hábito ou simplesmente detesta ler”

No mesmo comentário de 16 de julho, ressaltei que o grande problema é que não se cria o hábito da leitura, nem em casa, nem na escola. A leitura é encarada como algo impositivo - você lê porque tem que tirar nota no trabalho ou na prova... O conceito de leitura por prazer não existe.

Insisto: essa realidade só muda se houver uma formação que leve o jovem a pegar o livro na estante pra ler por vontade própria, ou seja, quando ele se descobrir como leitor. Isso depende da atitude de TODOS, sem exceção. Pais e professores devem ser parceiros nesse desafio - e insisto mais uma vez: é pra isso que existem reuniões de pais e mestres...

- “muitos alunos (crianças, jovens e adultos) não têm opinião formada sobre coisa alguma”;

- “a cultura geral dos alunos é muito baixa”.

Essa realidade vem se tornando comum por uma razão muito simples: por que fazer esforço pra pensar se posso comprar uma ideia pronta - vinda dos meios de comunicação, por exemplo? Você liga a TV e é atacado por uma avalanche: “compre isso”, “faça aquilo”, “beba isso com moderação (?!)”...

Quem é que consegue criar um posicionamento próprio desse jeito?

Essa é a sociedade “moderna”: não preparamos nossa comida; compramos ela pronta, enlatada...
E com tantas coisas pra se resolver nesse país, as pessoas preferem conversar sobre outros temas, como a possibilidade de fulano sair no paredão do Big Brother...

A verdade é que estamos deixando que coisas menos importantes tomem conta de nossas vidas. Mais do que isso: fazemos o que é mais fácil - entenda-se reclamar e procurar culpados - e só. Mais nada...

Repitam comigo: NÃO TEM MILAGRE! Todos precisam acordar para o que é essencial - e não ficar esperando pelo momento perfeito! Se o jovem não quer saber de nada, pais e professores não podem lavar as mãos, dizendo: “Ah, quer saber? Desisto...” Enquanto ele estiver em formação, tem que acompanhar, tem que cobrar, tem que impor limites. Se os pais não fazem nada (só reclamam), se os professores não fazem nada (só reclamam) e o governo não faz nada (e isso não é novidade), o jovem cresce e não chega em lugar nenhum.

E de quem é a culpa? Do próprio jovem? Dos pais? Dos professores? Do governo?
Não acham que é DE TODO MUNDO?

Senhoras e senhores: busquem o essencial. Vamos deixar o “plano do choro” e passar para o “plano da ação”...

Leonardo Donato
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